2020 veio para nos ensinar muitas coisas, a importância da empatia é uma delas

O bom senso, o autocuidado e a preocupação com a saúde mental nos dizem nas entrelinhas que é preciso se distanciar um pouco das notícias, principalmente as más notícias. Mas não tem como ficar longe da realidade. Viver numa bolha é difícil e nem é aconselhável. Por isso mesmo é natural a gente se espantar quando vemos casos de pessoas que não usam máscara surtando (desculpem, não há outro termo), quando outras as obrigam a usarem.

Recentemente um homem em Campinas, em São Paulo, agrediu a proprietária de uma sorveteria porque esta teria se recusado a atendê-lo até que ele colocasse a máscara corretamente. Notícias assim estão cada vez mais comuns e acontecem em grandes e pequenos estabelecimentos, sendo reportados pela mídia ou não, em diversos cantos do mundo.

O uso da máscara é obrigatório em vários países, não só no Brasil, pois estamos vivendo uma epidemia mundial. Recusar-se a usá-la não é uma questão política ou de crença pessoal. É uma questão de empatia. Essa palavra que muita gente parece não saber o que é e que significa tanto.

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro. E o seu significado na prática vai além. Quando se tem empatia, você se preocupa com o outro. E a questão do uso da máscara é uma metáfora importante para explicar essa palavra. Se eu não utilizo o acessório significa que não me importo com mais ninguém, apenas comigo mesmo.

E que mundo triste é o de uma pessoa que não se importa com mais ninguém além dela, não é mesmo? Ao se preocupar apenas com nossos interesses, sentimos menos. Menos amor, menos solidariedade, menos compaixão. Ao contrário, quando temos empatia, os sentimentos bons transbordam e deixam o mundo um lugar melhor para enfrentar os problemas.

Além disso, a empatia é um poderoso processo para o autoconhecimento. Se abro espaço para compreender os outros, consigo aprender mais sobre minhas próprias necessidades e avaliá-las. Ao ouvir e entender as necessidades e desejos dos outros, é possível compreender que existem diversas realidades, cada uma com sua peculiaridade.

Algumas delas são questões culturais e devem ser respeitadas, mas outras, mesmo que circunstanciais, como o uso da máscara durante a pandemia, vai além do respeito. É uma regra a ser seguida pelo bem comum. Desrespeitar, além de demonstrar a falta de empatia, mostra a falta de consideração com o outro.

E ter empatia independe de classe social, poder, status ou formação. A empatia deve ser inerente ao ser humano e – quando isso não acontece – pode (e deve) ser desenvolvida.

Basta fazer exercícios simples a cada reação com o outro. Contextualizar o que ele passou e tentar se colocar do lugar é um grande passo. Assim abrimos nossa mente para novas realidades e praticamos a compreensão e o amor ao próximo, sentimentos tão necessários nos dias atuais, mesmo quando a pandemia acabar.